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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Carta do 1° Encontro Sudeste de Jovens Gays e Homens que Fazem Sexo com Homens (HSH)

Participantes do I Encontro Sudeste de Jovens Gays e HSH


Porque sonhamos e podemos. Queremos trabalhar, estudar e nos divertir. Da nossa forma colorida e sem limites. Com guitarras ou skates, livros e muitas canções. Queremos nossos direitos. Da nossa forma responsável e despojada. Somos uma nova geração de indignados e, assim, revolucionários cheios de sentimentos de amor. Nosso palco são as ruas. Nossas armas, as pessoas que lutam” (Louise Caroline)

Os jovens gays representantes de organizações não-governamentais e outros coletivos de juventude dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, participantes do 1° Encontro Sudeste de Jovens gays e HSH realizado entre os dias 04 a 07 de Agosto de 2011 na cidade mineira de São João del-Rei vem, por meio desta, expressar publicamente o posicionamento a seguir.

Vivemos numa cultura fruto do patriarcalismo e com heranças da ditadura. Uma cultura brasileira que reproduz o machismo, racismo e homofobia. Uma cultura que estabelece a relação de hierarquia do adulto com o jovem. Hierarquia essa capaz de produzir e reproduzir a todo tempo variadas formas de preconceito e discriminação contra a juventude.

É nesse sentido que constatamos problemas sérios que precisam ser considerados e resolvidos por parte do poder público em parceria com a sociedade civil organizada.

A juventude gay é o grupo social mais afetado pela AIDS na Região Sudeste. É o nosso principal problema de saúde. Mesmo assim, os planos estaduais de enfrentamento da epidemia de DST/AIDS com gays e HSH não possuem o recorte para trabalhar com a nossa população.  As ações são mínimas e nunca foram, realmente, efetivadas. A homofobia, fator estruturante da vulnerabilidade, continua com poucas ações de enfrentamento e as metas dos planos estaduais para gays e HSH não atuam em articulação com outros órgãos institucionais de juventude de forma eficaz.

Expressamos nossa imensa preocupação com os altos índices de violência contra a população de jovens gays na região Sudeste. Em Minas Gerais a maioria dos assassinatos de homossexuais está concentrada na população de jovens gays que residem nas cidades do interior do Estado, conforme aponta o relatório anual de homicídios do Grupo Gay da Bahia. Em São Paulo o aumento da violência motivada pela homofobia apresenta um problema social que precisa ser resolvido. No Rio de Janeiro a grande quantidade de jovens gays vítimas de homofobia, de acordo com os dados da Superdir, mostra que a discriminação contra a população LGBT tem afetado, principalmente, a juventude gay.

Na contramão de suas responsabilidades os governos estaduais têm feito pouco para dar conta de contribuir e promover a mudança de uma cultura machista, racista e homofóbica que está posta. As políticas de juventude engatinham, são quase inexistentes. As políticas de diversidade sexual são embrionárias. Falta vontade política e ações concretas.

A juventude gay está esquecida pelos governos estaduais da Região Sudeste. Os dados epidemiológicos e de violência apresentados nesse encontro apontam essa realidade.  As ausências de representantes de órgãos governamentais de saúde, juventude e direitos humanos de alguns estados e da administração pública federal nesse encontro, evidenciam que a promoção da saúde, cidadania, direitos humanos, segurança e outras políticas públicas com foco na população de jovens gays não é prioridade.

O coletivo de jovens gays participantes do 1° Encontro Sudeste exige do poder público federal, estaduais e municipais que despertem para a realidade que acomete a nossa vida.

Queremos a criminalização da homofobia, ações concretas de enfrentamento da epidemia de DST/AIDS e Hepatites Virais, queremos políticas de direitos humanos, de juventude, queremos segurança pública, trabalho e renda, educação de qualidade e sem discriminação homofóbica. Queremos ter acesso aos serviços públicos sem sofrer as conseqüências do machismo, racismo e homofobia.

Por uma Região Sudeste livre do patriarcalismo e da herança da ditadura!

Por uma Região Sudeste sem Machismo, Racismo e Homofobia!

Coletivo de Juventude Gay da Região Sudeste.


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